O funcionamento acadêmico
O papel do funcionamento acadêmico no rastreio dos sintomas do tdah
Neuropsicologo Mauricio Maluf Barella CRP 06/178046
12/15/20252 min ler


O desempenho escolar é considerado um dos indicadores mais sensíveis e precoces de dificuldades cognitivas e comportamentais em crianças e adolescentes. O ambiente educacional demanda competências cognitivas de alto nível, como atenção sustentada, memória de trabalho, controle inibitório, flexibilidade cognitiva, organização e planejamento — justamente os domínios frequentemente afetados em condições como o Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) e outros transtornos do neurodesenvolvimento.
Segundo o DSM-5-TR, prejuízos no funcionamento acadêmico constituem um dos critérios para avaliação do impacto funcional de sintomas de TDAH e são fundamentais para estimar sua gravidade clínica e sua persistência ao longo do tempo.
As dificuldades acadêmicas podem se manifestar de diversas formas, como:
rendimento escolar inconsistente;
dificuldade em iniciar e concluir tarefas;
esforço desproporcional para alcançar desempenhos medianos;
histórico de repetência, evasão escolar ou frustração persistente com o processo de aprendizagem.
Essas manifestações não apenas refletem um possível comprometimento das funções executivas (FE) — habilidades responsáveis pela autorregulação do comportamento — mas também permitem inferências sobre a capacidade do indivíduo de lidar com as demandas cotidianas que exigem autorregulação e planejamento, dois aspectos comumente prejudicados em transtornos externalizantes.
Além disso, em contextos de avaliação clínica, o domínio escolar é uma janela crítica para:
estimar o impacto funcional real dos sintomas (por exemplo, a interferência das dificuldades atencionais no rendimento escolar);
avaliar a persistência temporal dos déficits cognitivos, o que é essencial para o diagnóstico diferencial entre atrasos transitórios e transtornos do neurodesenvolvimento;
identificar a relação entre o desempenho acadêmico e demandas cognitivas específicas, como memória operacional e fluência verbal, que são frequentemente requeridas em tarefas escolares.
De acordo com Riccio et al. (2010), a avaliação do desempenho escolar e sua associação com variáveis cognitivas permite não apenas identificar transtornos como TDAH ou dificuldades de aprendizagem específicas (como dislexia ou discalculia), mas também traçar planos de intervenção personalizados baseados no perfil neurocognitivo de cada criança.
Por fim, o comprometimento acadêmico é amplamente reconhecido como um dos domínios mais robustos na avaliação da gravidade funcional em crianças, adolescentes e adultos jovens. Isso ocorre porque a escola representa um ambiente estruturado e com alta exigência de regulação emocional, controle comportamental e desempenho cognitivo — áreas frequentemente frágeis em quadros neuropsiquiátricos e neuropsicológicos.
Dificuldades acadêmicas persistentes frequentemente refletem alterações precoces em atenção e funções executivas, com raízes no desenvolvimento infantil. Por isso, compreender a história escolar é um dos elementos mais sensíveis no rastreio clínico de sintomas de TDAH.
Referências:
American Psychiatric Association. (2022). DSM-5-TR: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, Texto Revisado.
Riccio, C. A., Sullivan, J. R., & Cohen, M. J. (2010). Neuropsychological Assessment and Intervention for Childhood and Adolescent Disorders.
Oliveira, M., Mograbi, D., & Charchat-Fichman, H. (2016). Normative Data and Evidence of Validity for the Rey Auditory Verbal Learning Test, Verbal Fluency Test and Stroop Test With Brazilian Children.
Fonseca, R. P. (2023). O papel das funções executivas na aprendizagem — Revista Neuroeducação.
Yates, D. B., Silva, M. A., & Bandeira, D. R. (2019). Avaliação Psicológica e Desenvolvimento Humano: Casos Clínicos.
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